Ultimamente, em Maceió, muito se tem falado em locais de treino. E a principal reclamação é a falta de BONS locais para se desenvolver o parkour, principalmente da minha parte, assumo !

Mas até que ponto podemos definir um local como sendo bom ou ruim para se treinar?

De um ponto de vista totalmente pessoal, afirmo que o parkour não se resume às três horas de treino efetivada diariamente, ou com uma periodicidade um pouco menor. Vai muito além disso !

Devemos treinar em murões, mas não devemos esquecer das muretas.

Para ilustrar, darei um exemplo muito simples:
Vamos imaginar uma quadra, essas mesmo de esportes com bola. Agora nos coloquemos dentro dela e vamos tentar imaginar a quantidade de coisas a se treinar.
Eu vejo possibilidades de se treinar quadrupedal, rolamentos, planches, climbs (se tiver murinos), precisões nas linhas demarcatórias, explosão, corrida e blá blá blá.

Acredito que alguns conseguirão pensar em outras coisas, até certo ponto loucas, porém úteis. Tudo é útil !

O vírus que vem se disseminando por essas áreas se chama estrangeirismo chase ilabaques youtubética cerebral !

Noto que a grande maioria dos praticantes se preocupam em fazer coisas grandes nos murões e esquecem de aprender a dominar uma simples precisão nas muretas, isso porque se espelham nos gringos. Mas é válido salientar que estes gringos tem anos de parkour, e tenho plena convicção que antes de saltarem de um prédio para o outro eles aprenderam a dissipar a velocidade de uma queda da forma mais eficiente possível !

É evidente que existe um momento em que enjoamos de ver a "cara" daquele local de treino com tanta frequência. Que sentimos vontade de fazer algum movimento cavalar que não temos a certeza do sucesso. Afinal o do vizinho é sempre melhor e mais bonito, não é? E foi em um desses momentos que decidimos passar a tarde apenas conversando e procurando novas possibilidades.

Com isso passamos a treinar de maneira diferente, não mais aquele treino parado, mecânico, com movimentos isolados, um treino movimentado, utilizando tudo, em outras palavras, um treino de parkour.

Sabemos que a corrida é o PRINCIPAL elemento/movimento do parkour! Mas quantos de nós tiramos um treino para treinar corrida? Quando falo treinar corrida, não quero dizer um treino para a maratona, mas sim um treino de coordenação de passadas, um treino de explosão, um treino para melhorar a velocidade constante. Isso se treina em qualquer lugar. Numa quadra, numa rua, numa praça, em qualquer local. Mas justamente isso é o que falta para a maioria dos traceurs!

Sempre que possível tenho me endividado para viajar pelo parkour. E em todos os estados que visito, noto que uma grande parcela dos atletas tem uma ENORME dificuldade na corrida, seja ela pra fazer um SDC ou uma escalada. Então, refletindo sobre isso tenho me perguntado se Maceió realmente tem poucos locais de treino. Olho ao meu redor e vejo locais para se treinar, pode não ser o que eu gostaria de treinar, mas com certeza é o que eu devo treinar !

Nunca é demais treinar coisas simples. Porém o simples, para os showmans de plantão, não chama tanto a atençao quanto o grande e ignorante. A pressa pela alta performace (performace no sentido de show mesmo) pode acarretar serias consequências.

Então meu caro performático, treine o simples! Com certeza seu complexo ficará mais bonito =)


Me perdoem os erros e incoerências que com certeza existem, mas o que vale é a intenção !

Eu relutei um tanto para escrever esse post porque ele me atinge muito diretamente, e particularmente é algo de que eu não me sinto a vontade para comentar.

Parkour nos dá liberdade. Liberdade de movimentação, liberdade ideológica, liberdade pra fazer suas próprias escolhas e pra tomar as decisões que achar-se a vontade. Mas, e quando o curso natural das coisas te impõem uma realidade, que por ora não tem como mudar?

Treinar só, para muitas pessoas é uma escolha. Para mim é uma sentença. Se eu me prolongar nessa cadeia de raciocínio vou me colocar na posição de coitadinho e fazer você ter pena do magrelo solitário que escreve o texto. Por essa razão vou me focar nos benefícios e problemas que essa imposição me traz.

Meu treino normal é calmo, pacífico e o mais imperceptível possível. Eu sou um estranho num ambiente onde todas as pessoas se comportam da mesma maneira. Qualquer brutalidade na movimentação me coloca na postura de alvo de olhares. E pra quem preza um treino concentrado, deve ter noção de como isso é desagradável. Por consequência, esses treinos me levam a ser técnico, preciso e simples. Simplesmente, não há como treinar cavalices e me doar ao perigo (pois em caso de emergência não tenho um socorro amigo do lado).

Dois meses atrás um muro caiu em cima de mim. Treinava sozinho, numa rua semi-deserta e um grupo de meninos quando viu a cena começaram a rir enquanto eu estava deitado no chão. Passados uns 5 minutos, ao perceberam que eu não me levantava, é que foram prestar auxílio. Pior do que o machucado, eu acho que era ter que confiar em rostos estranhos. Fui carregado nos braços por um cara que eu nem sei o nome. Minha vulnerabilidade naquele momento era a maior possível e a dependência inevitável de um estranho... humilhante.

São coisas assim que um treino em grupo evita.
Você se sente abraçado por pessoas que compreendem o que você faz.

São pessoas que podem não estar seguindo os mesmos passos que você, mas que estão de alguma forma em busca do mesmo objetivo. Essa proteção não serve somente em caso de acidentes. Muitas vezes o seu conceito de sua própria movimentação é tão acomodado, que você não enxerga sozinho os limitantes que você mesmo se impõe. Uma palavra de um amigo que diz "joga o braço por ali que é mais fácil" facilita um aprendizado que talvez eu, em horas de treino a fio, não fosse capaz de perceber.

Faça treinos solos.
Eles te auxiliam a conhecer mais a si mesmo.
Porém, em hipótese alguma, se coloque em uma redoma. Se aproveite dos seus parceiros de treino. Use-os porque isso dá a eles a chance de serem úteis ao mesmo tempo que te fortalece. O futuro do parkour assusta se você pensar em uma realidade onde as pessoas são auto-suficientes.

Canalizando Energia

Depois de ter lido o texto do Blane, fiquei pensando em como alguns traceur ainda buscam reconhecimento para si, onde o único que ganha ou perder é você, e que vitorias, só cabe a você decidir ser vitoria.

A grande maioria dos praticantes geralmente sai de outras praticas esportivas. Eu sou um destes, praticava jiu-jitsu, onde o meu foco maior era ser o melhor na minha categoria, tinha que treinar muito pra tirar todos da minha chave e me tornar o campeão; uma busca sem fim acabou, levando isso pra mim vida e me tornando um cara um tanto egoísta para algumas coisas, claro que o esporte não me tornou um cara agressivo, na verdade tive melhores aprendizados que ruins, ele me deu lavores a serem respeitados como disciplina, devo muito a ele, o fato é, me cansei basicamente de ter que fazer outros perderem pra que eu pode-se ganhar.

Viajei por alguns estados do nordeste e percebi nos praticantes, o mesmo que ocorrem aqui, muitos deles ainda travam invisível ou explicitamente duelos entre eles, e ate por puro exibicionismo mesmo (deve ser um problema eles treinarem sozinho), não sei qual o tempo de pratica deles, mais acredito que chegará um momento que ele vai se questionar; “O quanto eu tenho que ser bom pra eles notem?” Ou “eles não falaram o quanto eu queria ouvir”. Talvez isso seja a maneira deles se motivarem a treinar mais. Fica clara a influencia do nosso processo político, o que o capital fez conosco talvez nunca saia da nossa essência, mas caiba somente a nós saber o que vai realmente ter prioridade em nós.

Quando vamos canalizar nossas energias pra um propósito, que não a alta-promoção. Haverá o dia que ficaremos felizes com nossas conquista sem a consagração dos outros, bem, espero estar de olhos abertos pra presenciar.

Contato: Ibyanga@parkour.com.br